Queixas sobre mau estado de conservação do cemitério e de desaparecimento de corpos foram registradas nos últimos anos
VICTOR BARRETO
Da Redação
Após sepultarem uma pessoa da família no início de setembro, os irmãos Carmem Martins, João Feitosa e Edinaldo Feitosa ficaram espantados com o estado de descaso em que se encontra o Cemitério Municipal de Cubatão.
De acordo com Carmem, “as gavetas pareciam depósito de lixo, tinham um aspecto sinistro. Acho desumano e fiquei entristecida em ver aquilo”. A aposentada também se queixou do comportamento dos funcionários do local, os quais, segundo ela, agiam com “grosseria” na maneira de levar os caixões.
Além disso, ela diz que eles jogavam as coroas de flores no chão, sem muito cuidado, o que foi confirmado por seu irmão João, que acrescenta que as coroas, quando secas, não são retiradas. “O cemitério está precisando de uma boa reforma de um modo geral, pois está muito feio e abandonado”, conclui o também aposentado.
“Uma vez que a gente está com um problema epidemiológico e não podemos fazer um cortejo decente devido a limitação no número de pessoas que podem entrar no cemitério, o mínimo que você espera é que pelo menos o local não esteja tão desagradável”, conta Edinaldo, indignado. Ainda segundo ele, o que se encontra no cemitério é “lixo espalhado, campas cheias de mofo na parte das gavetas, uma total falta de manutenção”.
Em nota, a Prefeitura de Cubatão respondeu que a limpeza do cemitério tem sido realizada desde o dia 23 de setembro. Em relação às denúncias do mau estado dos túmulos, a Prefeitura alegou que a manutenção deles é de responsabilidade dos proprietários das campas.
De acordo com a Prefeitura, o cemitério tem sido limpo. Foto: Divulgação/Prefeitura Municipal de Cubatão
A Prefeitura aproveitou para esclarecer que, apesar de o cemitério estar fechado para visitação devido à pandemia do novo coronavírus, ele será aberto nas datas comemorativas, como no dia de Finados, da mesma forma que foi aberto no Dia das Mães e Dia dos Pais. No entanto, apesar da abertura, o cemitério irá limitar o acesso e respeitará as normas de uso de máscaras e álcool em gel.
Reclamações não são de hoje
As queixas da população relacionadas ao cemitério municipal não são novidade. Em 2014, teve grande repercussão o caso do desaparecimento do corpo de Luiz Antônio dos Reis Neto, falecido em 2011. De acordo com registros da época, o corpo de uma mulher havia sido enterrado no local onde estava o corpo do homem.
A funcionária pública Roberta Reis, viúva de Luiz, conta que, em 2015, foi feito um exame de DNA pela Polícia Científica para confirmar se uma ossada seria de seu marido. A suspeita se deu pelo fato de os ossos terem sido jogados pelo coveiro no mesmo local onde supostamente estariam os restos mortais de Luiz. Segundo a funcionária pública, na ocasião, sua filha forneceu amostras de sangue para que se fizesse a averiguação do DNA.
No entanto, até hoje a família não obteve o resultado do exame: “Não tive a resposta do exame até hoje e também não tive posicionamento da prefeitura em momento algum”, revela Roberta. Apesar de acreditar que não vai conseguir encontrar os restos mortais de seu marido, Roberta tomou providências em relação ao caso, e está processando a Prefeitura por perdas e danos. “Tivemos problemas de saúde, eu e meus filhos, por conta disso”, diz a funcionária pública.
Apesar desse relato, a Prefeitura de Cubatão respondeu, em nota, que não há registro de desaparecimento de corpos no cemitério.
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