Centenas de trabalhadores devem ser demitidos da Yara, em Cubatão

Herbert Passos Filho, presidente do SINDQUIM.

 

VALENTIM CARDOZO

Da Redação

 

Empresa diz que passa por período de hibernação de operações de fosfatados e ácido sulfúrico no polo da Baixada Santista e Paulínia

 

Cerca de 200 trabalhadores da Yara Fertilizante, no Polo industrial de Cubatão foram obrigados a voltar para a casa, sem mesmo terem iniciado o turno de trabalho, na manhã desta terça-feira (11). Tal atitude, gerou alvoroço nos funcionários da empresa, que começaram a ficar preocupados com uma possível demissão em massa, por parte da multinacional no polo industrial de Cubatão

 

Ainda pela manhã, a Yara se manifestou por meio de uma nota oficial a imprensa com os seguintes dizeres:

 

 A Yara informa que iniciou hoje a hibernação da produção de fertilizantes fosfatados e ácido sulfúrico em Cubatão (SP) e Paulínia (SP), para concentrar-se em operações mais sustentáveis de longo prazo e focadas em sua atuação principal - produção de NPK e nitrogenados, além de frentes estratégicas como soluções de baixo carbono, neutralidade climática e agricultura regenerativa. A Yara reitera o compromisso com a operação brasileira, que continuará a desempenhar um papel essencial, com ainda mais foco na agenda de crescimento do agronegócio e do segmento industrial no país.

 

Este movimento é impulsionado por iniciativas como o início da produção de amônia renovável em Cubatão (SP), que segue entre as prioridades globais da empresa, bem como a recém-inaugurada expansão do complexo de Rio Grande (RS), que recebeu aportes de R$ 2,1 bilhões para dobrar sua capacidade de produção, mistura, ensaque e distribuição, possibilitando que a Yara envie insumos a diversos estados brasileiros e países vizinhos. O processo de hibernação tem previsão de encerrar ao final de 2025, seguindo a política de transparência e respeito às pessoas em cada etapa.

 

 Aos colaboradores impactados, a empresa ofereceu, além dos direitos previstos em lei, um pacote de benefícios adicionais em negociação com os respectivos sindicatos. Esta decisão não afetará o fornecimento de fertilizantes ao mercado, pois os volumes estão garantidos pela robusta estrutura da companhia. A equipe comercial Industrial dará suporte aos clientes de ácido sulfúrico durante a transição. As entregas de todos os outros produtos industriais permanecerão inalteradas, seguindo os padrões de qualidade e segurança da marca.

 

 

Presidente do SINDQUIM, Herbert Passos Filho se manifesta

 

  O presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Químicas da Baixada Santista – SINDQUIM, Herbert Passos Filho se manifestou em suas redes sociais. Principal liderança sindical na região, o líder da categoria fez uma avaliação da atual situação, a qual segundo ele, já vinha sendo alertado as autoridades locais, que a falta de representatividade política no setor, poderia levar a essa situação que começa a se concretizar.

 

“Hoje, a Yara Fertilizantes está anunciando a paralisação de diversas produções na área de fosfatos que levarão a demissão de aproximadamente 500 trabalhadores diretos e igual número de indiretos, sendo 60% em Cubatão. O sindicato foi informado e chamado negociou condições adicionais para os dispensados. Mas não é surpresa, pois fazem muitos anos que este sindicato vem informando as condições do setor, com alta tributação, alto custo de matéria prima, concorrendo com produtos importados com alíquota zero. É real também que o Polo de Cubatão sofre sem representação política federal ou estadual para sua continuidade”, disse Passos.

 

“Temos tentado de tudo inclusive com a participação de representações políticas de outras regiões na Frente Parlamentar da Química em Brasília e com a Abiquim, mas preocupa ainda mais saber que a solução não se encontrou e ainda caminhamos para uma situação pior”, completa o sindicalista.