Com direção de Marcio Aurelio, atuação de Paulo Marcello e participação de Fernando Esteves ao piano, o espetáculo é um melodrama escrito em 1897 para o poema narrativo do famoso poeta inglês Sir Alfred Tennyson
A história de um homem que abre mão da própria felicidade em favor de sua esposa e filhos é contada em Enoch Arden, que a Companhia Razões Inversas estreou em 2021, ainda durante a pandemia, em comemoração a seus 30 anos de trajetória. E, agora, o trabalho ganha uma temporada gratuita de circulação pelo interior e litoral de São Paulo, começando pelos municípios de Cubatão (no dia 19 de outubro) e Caraguatatuba (dia 24).
A peça ainda passa por Botucatu, São José dos Campos, Jundiaí, São Bernardo do Campo, Guarulhos, Ourinhos, Santo André e Bragança Paulista. A temporada de circulação é possível graças ao edital ProAc Nº 02/2023.
Com direção de Marcio Aurelio, texto de Alfred Tennyson e música de Richard Strauss, Enoch Arden (Op, 38, TrV. 181, de Richard Strauss) é um melodrama para narrador e piano escrito em 1897 para o poema narrativo do famoso poeta inglês, Sir Alfred Tennyson. A montagem da Cia Razões Inversas é interpretada pelo ator Paulo Marcello e pelo pianista Fernando Esteves
Para esta encenação foi realizada uma nova tradução da obra, mantendo o texto integral, uma vez que todas as traduções e apresentações anteriores feitas no Brasil foram feitas a partir de uma versão bastante reduzida da obra.
Pode-se considerar a figura de Enoch Arden como um anti-Ulisses. Ao retornar para sua casa após dez anos desaparecido, Enoch encontra sua mulher num novo casamento, com seus filhos sob os cuidados de seu antigo amigo e rival amoroso da juventude. Ao contrário de Ulisses, que aniquila os pretendentes de sua esposa, Enoch esconde sua identidade e decide jamais revelá-la enquanto estiver vivo para não comprometer a felicidade dos filhos e de sua, agora, ex-mulher.
Trata-se assim de uma história de amor incondicional, na qual o homem abre mão de sua própria felicidade em favor da felicidade de sua esposa e de seus filhos, um comportamento contrário ao que se pode observar da maioria dos homens e infelizmente raro na atualidade, em especial na triste realidade que nosso país enfrenta em relação à violência de gênero.
A composição musical de Richard Strauss, que à sua época impulsionou ainda mais sua fama e carreira, foi descrita como música incidental. Consiste principalmente em breves interlúdios indicativos de mudanças de tempo e ambiente, bem como momentos de pontuação e comentários. Cada uma das duas partes é introduzida por um prelúdio e conclui com um poslúdio.
Strauss usa leitmotifs para identificar cada um dos personagens: Enoch Arden (uma sequência de acordes em Mi bemol), Annie Lee (uma figura crescente em Sol), Philip Ray (uma melodia em Mi), o mar (Sol menor). Ele não as desenvolve em melodias, mas as usa estaticamente. Existem longas passagens onde o piano fica em silêncio enquanto permanece apenas a narrativa.
Sobre a Cia. Razões Inversas
A Cia. Razões Inversas foi criada em 1990 pelo diretor Marcio Aurelio e a primeira turma de formandos do curso de Artes Cênicas da Unicamp. Nestes mais de 30 anos, construiu uma trajetória voltada para o constante processo de pesquisa, para a formação de seus intérpretes, artistas criadores, na busca do diálogo com o público contemporâneo e da excelência do fazer teatral.
A companhia criou 23 espetáculos partindo de textos consagrados da dramaturgia internacional, textos inéditos de autores nacionais e criações coletivas a partir de longos processos de pesquisa e criação.
Entre esses muitos trabalhos estão “A Bilha Quebrada” (1994 e 2011), de Heinrich von Kleist; “A Arte da Comédia” (1999), de Eduardo de Fillipo; “Agreste” (2004), de Newton Moreno; “Anatomia Frozen” (2009), uma adaptação da obra da inglesa Bryony Lavory; “Senhorita Else”, uma adaptação do romance de Arthur Schnitzler; e “Filoctetes” (2015), de Heiner Müller.
Sinopse
O herói do poema, o pescador que virou marinheiro mercante Enoch Arden, deixa sua esposa Annie e três filhos para ir ao mar com seu antigo capitão, que lhe oferece trabalho depois que ele perdeu o emprego devido a um acidente; refletindo a visão masculina do herói sobre o trabalho e as dificuldades pessoais para sustentar sua família, Enoch Arden deixa sua família acreditando assim servi-los melhor como marido e pai.
No entanto, durante sua viagem, Enoch Arden naufraga em uma ilha deserta com dois companheiros; ambos eventualmente morrem, deixando Arden sozinho lá. Esta parte da história é uma reminiscência de Robinson Crusoé. Enoch Arden permanece perdido e desaparecido por mais de dez anos.
Ele descobre ao retornar do mar que, após sua longa ausência, sua esposa, que o acreditava morto, está casada novamente, um casamento feliz com outro homem, seu amigo de infância Philip (Annie conhece os dois homens desde a infância, daí a rivalidade), e tem um filho com ele. A vida de Enoch permanece vazia, com um de seus filhos agora morto, e sua esposa e os filhos restantes sendo cuidados por seu antigo rival.
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