Conheça Joelma, a catadora que com o apoio do ABC Marbas e da Igreja Visão de Águia venceu as drogas e se casou.
VALENTIM CARDOZO
Da Redação
Uma história que poderia ter sido roteiro de um filme de longa metragem ou até mesmo, preencher as páginas de algum “best seller”, de um conceituado escritor de romances. Geralmente, esses “scripts” mágicos de superação pessoal aliados ao fato de vivenciar um grande amor, são imaginados em lindos lugares ou até mesmo nos reinos encantados de contos de fadas.
No entanto, uma versão não menos bonita e emocionante, porém em um lugar bem atípico aconteceu aqui em Cubatão, e para sermos mais exatos, na Associação Beneficente dos Catadores de Material Reciclável da Baixada Santista – A.B.C. Marbas, que há 12 anos gera renda para as pessoas que se dispõem a fazer esse necessário trabalho na Cidade.
Dentre os montantes de papéis, papelões, plásticos e demais resíduos reaproveitáveis do Marbas, Joelma (33) e Jorge (29) se encontraram pela primeira vez em março deste ano e, segundo ambos, o sentimento do amor surgiu à primeira vista. “Na verdade, fui eu quem o pedi em casamento e ele aceitou, sem muito duvidar”, disse a esposa.
UMA HISTÓRIA DE SUPERAÇÃO, FÈ E APOIO SOCIAL
No entanto, toda essa felicidade só foi conquistada após Joelma decidir definitivamente mudar de vida, já que a hoje coletora foi usuária de crack por muitos anos e chegou a morar na rua. “Conheci as drogas por influência do meu primeiro marido, o que me levou aquela situação, a qual eu já estava tão viciada, que cheguei a pesar 33 quilos”, diz
Segundo ela, vencer o vício foi algo extremamente difícil, pois precisou de muita ajuda e também força de vontade. O primeiro apoio recebido de forma fraterna e amorosa, veio da Igreja Evangélica Assembléia de Deus Visão de Águia – RESGATANDO VIDAS, situada na Vila dos Pescadores, que por intermédio de setor de Serviço social, fez a primeira abordagem sobre Joelma, dando-lhe amparo, abrigo, alimentação e condições básicas de higiene.
O primeiro contato da Igreja veio do próprio pastor presidente da denominação, Fábio Ferreira e de sua esposa, a missionária Patrícia Aparecida Ferreira, os quais encontraram Joelma em uma situação de extrema calamidade humana. “Ao vermos aquela situação nos sensibilizamos com aquela vida, e disponibilizamos um lugar para ela morar, além de cedermos o espaço da própria igreja para realizarmos além da assistência social todo um trabalho espiritual, que levou algum tempo e teve o apoio de muitos de nossos membros para que todo esse sucesso fosse alcançado”, disse a missionária
Com o Apoio técnico e espiritual da denominação, Joelma conseguiu superar o terrível período de abstinência causado pelo crack, fatores predominantes que a levaram a escolher pelo recomeço de uma vida digna e sem vícios. Já recuperada e liberta das toxinas, a jovem de 33 anos foi trabalhar no Marbas, há cerca de um ano atrás, e ali, recuperasse a dignidade. “Aqui foi o meu primeiro emprego, então eu vi que poderia ser útil e me sustentar. Outra coisa que me ajudou muito foi que eu recuperei a minha fé em Deus, por meio dos cultos religiosos, os quais participo tanto na Igreja Visão de Águia, como aqui mesmo no Marbas”.
Já Jorge, que está em Cubatão há dois anos (veio da Bahia e morou com uma irmã, na Vila Esperança), também teve que vencer outro vício, o do álcool. “Ainda na Bahia, eu já havia parado de beber, pois cheguei a perder até emprego por causa disso. Porém isso não vai ocorrer aqui no Marbas, pois aqui é a minha segunda casa”.
O casal teve o apoio da igreja que cuidou dos preparativos, inclusive das vestimentas da noiva e preparação de decoração e buffet, enquanto as vestes do noivo, foram custeadas pelo Marbas, o que levou a união estável tanto para o civil como o religioso. A cerimônia ocorreu na própria Igreja visão de Águia, na Vila dos Pescadores, bairro onde moram juntos atualmente, após estarem pouco mais de um mês casados. “Estamos muitos felizes com a nossa nova vida”, relatam os pombinhos.
MARBAS - Segundo o próprio presidente do Marbas, Carlos Antônio de Araújo, o espírito da entidade vai além da coleta de material reciclável, já que atrás de cada catador, existe uma história de vida. “Através do trabalho que é desenvolvido aqui, não apenas cooperamos para o meio ambiente, mas também damos novas oportunidades para que essas pessoas possam ter o direito de reconstruírem suas vidas. Aqui no Marbas, todos os envolvidos gostam de gente”, disse Araújo.
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