VALENTIM CARDOZO
Da Redação
FOLHA DE CUBATÃO - Quem é o Dr. Eduardo Paiva Magalhães?
DR. PAIVA - Sou médico otorrinolaringologista e especialista em saúde pública, hoje com 62 anos de idade e atuo em Cubatão há cerca de 35 anos, com uma clínica na região central da cidade. Sou ex-funcionário público do município além de ter atuado como secretário de Saúde e de Assistência Social, na administração Clermont Castor. Fui também candidato a prefeito em 2008, onde acabei a eleiço na segunda colocação, com mais de 12mil votos. Ficaram como marcas na minha passagem como gestor público a retirada das pessoas do Morro do Marzagão e a implantação do SAMU em Cubatão.
FOLHA DE CUBATÃO - Por quê resolveu voltar para o cenário político após 12 anos e a escolha pelo DEMOCRATAS (DEM)?
DR. PAIVA - O DEM está de encontro aos meus conceitos de melhorias para a cidade e, voltar para a política é emprestar parte da experiência que eu tenho como gestor devido conhecer as necessidades da nossa população.
FOLHA DE CUBATÃO - Como médico e gestor, como você avalia o atual Complexo de Saúde do município?
DR. PAIVA - A diretriz da pasta em Cubatão peca ao não termos alguns serviços básicos aqui no município, o que não garantem o acesso da população aos serviços de saúde. Por exemplo, um centro de especialidades, o município não dispõe. O Governo investiu nos últimos tempos em alta complexidade e esqueceu de atenção básica. Os serviços de saúde da família também merecem de uma atenção especial, assim como as Unidades Básicas de Saúde (UBS's) e o programa de atendimento domiciliar. Devemos resgatar a atenção básica e o atendimento do Centro de Especialidades, o qual foi completamente desmontado, seria um grande feito em uma próxima gestão.
FOLHA DE CUBATÃO - Ainda sobre a área da Saúde, a qual você é um especialista, como vê o combate do município contra a pandemia da COVID-19 e quais atitudes tomaria, caso estivesse no comando da pasta?
DR. PAIVA - Intensificaria a oferta de leitos para a COVID-19 no Hospital Municipal, incluido em toda essa proposta as UTi's e enfermarias, além de uma cobertura de testes para idenficar possíveis indivíduos que possuam o vírus em seu organismo, com um fator de isolamento ainda mais restrito com essas pessoas. Além disso, pensaria também no lado social, pois vejo que muitas pessoas aqui de Cubatão padessem devido o seu meio de vida não estar sendo atendido. Não sei por quanto tempo as pessoas vão aguentar lojas e imóveis vazios, além disso, muitos inqulinos não estão pagando os aluguéis. O lado social deveria ser levado de forma mais enfática pelo atual governo.
FOLHA DE CUBATÃO - Como empreendedor que é, além de médico, o que faria em prol do coméricio, já que a cidade além de enfrentar essa crise do coronavírus ainda sofre as consequência do fechamentoo da USIMINAS, que ocorreu alguns anos atrás?
DR. PAIVA - Eu particularmente não seria tão restritivo na questão do comércio. Pois eu vejo que os jovens tem uma chance muito menor de adquirir o coronavírus do que os idosos (os quais estão instituidos no grupo de risco), o que nos leva a pensar que é possível haver uma flexibilização no funcionamento do comércio. Caso o contrário, vamos acabar com a nossa cidade e com o nosso comércio, que infelizmente foi o que restou com a situação das indústrias hoje em dia, pois o que move o município hoje são os serviços e o comércio. Fechar e restringir totalmente como está sendo feito, eu não apoio e nem concordo. O que deveria ser feito é uma investigação de quem está ou não doente. Pessoas fora do grupo de risco, tomando todos os cuidados necessários, como a utilização de mscaras e EPI's, deveria estar atuando, visando evitar qualquer crise financeira que o município e principalmente a população possa ter. O ideal é flexibilizar o atendimento com todos os cuidados.
FOLHA DE CUBATÃO - O governo do Estado destinou uma quantia em dinheiro, para municípios com mais de 100mil habitantes e Cubatão se enquadra nessa faixa como beneficiário, pois a cidade deve receber algo em torno de R$ 1milhão de reais. Como investir essa quantia para termos resultados positivos na luta contra o vírus?
DR. PAIVA - A minha preocupação seria em viabilizar os leitos hospitalares (UTI's) suficientes para enfrentar a pandemia, além de leitos para internação no hospital. Além disso, investiria de forma bem pesada na aquisição de equipamentos de uso individual para os servidores da saúde, os quais por muitas vezes não dispões dos EPI's necessários para sua proteção.
FOLHA DE CUBATÃO - E qual medida você tomaria pós crise, principalmente na parte economica?
DR. PAIVA - Eu tentaria por meio de uma reunião com representantes das áreas, visualizar as necessidades que as pessoas tem e a partir desse momento, tentar flexibilizar o pagamento de tributos, postergar e até em alguns casos sem criar receitas. Fazer com que o comerciante e o empresário possam continuar o seu trabalho. A partir do serviço social, identificar as familias que estão mais necessitadas e viabilizar uma condição de sobrevivência até onde fosse necessário. O grande problema dessa crise é o desemprego, que pode gerar um verdadeiro problema a ser resolvido na economia da cidade.
FOLHA DE CUBATÃO - E como gerar emprego em uma cidade industrial que está sucateada, onde os empregos foram embora e o comércio praticamente quebraria em grande porcentagem?
DR. PAIVA - Existem várias formas da gente tentar viabilizar a questão do emprego e renda no nosso município. Temos que primeiramente aproveitar a mão de obra local para atividades até mesmo, da própria prefeitura. Pois vários tipos de atividades, como as confecções de uniformes e jalecos com finalidades profissionais e até mesmo estudantis. Nada mais justo do que por meio de cooperativa de trabalho, como a de corte e costura, por exemlo, estabelecer que essas pessoas tenham renda e auto sustento, prestando serviço para o poder executivo municipal nesse sentido. Dessa forma, a prefeitura tem necessidade de manutenção dos equipamentos hospitalares, como por exemplo, a aparelhagem odontológica, onde poderiamos usar a associação de pessoas com necessidades especiais, as quai possuem o dom de grande habilidade de manuseio desse serviço, que é muito caro, o qual poderia ser tomado por esses orgãos e entidades. A profeitura dessa forma, teria tal objetivo e até mais do que isso, pois poderiamos trazer indústrias que agregassem valores para as indústrias que já existem aqui. Como já ocorreu com a Usiminas no passado e o aço foi beneficiado.
FOLHA DE CUBATÃO - Como servidor aposentado, como pretende estimular o funcionalismo público municipal?
DR. PAIVA - Eu vejo que o funcionalismo público municipal nesses últimos tempos não foi devidamente valorizado como deveria. A gente nota que não existia uma reposição de pessoal, pois a gente pode citar o exemplo da Policlínica, onde há um pequeno número de pessoas trabalhando lá agora. Como servidor aposentado, eu já participei da prefeitura durante muitos anos e, percebi que faltou e falta um investimento na capacitação dos servidores. No passado tinhamos cursos em universidades e eram oportunidades para que os servidores evoluíssem na carreira. Esse foi um dos vários benefícios que os servidores tinham e deixaram de existir, o que não pode ocorrer, pois o funcionário público de Cubatão é uma peça fundamental no funcionamento da máquina, quase insubstituível e deve ser valorizado em todos os aspectos. Quando digo os servidores, englobo nisso também os professores que talvez sejam a parcela dos servidores públicos que mais sofreram nessa administração.
FOLHA DE CUBATÃO - Como você avalia o governo Ademário?
DR. PAIVA - Eu creio que atual administração acertou em vários aspectos, porém, há outros quesitos que realmente precisam ser melhorados e há também novos caminhos que precisam ser trilhados. O Hospital estar funcionando é um ponto positivo, mas fica aqui, o meu adendo sobre o acesso da população aos serviços hospitalares que precisam ser melhorados. Mas deixou muito a desejar com os servidores e na atenção básica. Outro ponto fraco desse governo é a zeladoria da cidade, que praticamento não houve. É só olhar para nossas calçadas, ruas, praças e jardins que vemos a deterioração. Isso não pode ficar assim em uma cidade como Cubatão.
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