(*) MARCIO AURÉLIO SOARES
Desde antes de Cristo, na Grécia antiga, o filósofo Aristóteles afirmava que a felicidade é “o maior bem desejado pelos homens e o fim das ações humanas”. Segundo ele, faz parte da natureza humana o desejo de ser feliz.
Mas o que é felicidade? Para quem tem fome, é ter um prato de comida. Para quem tem frio, um cobertor. Parece-me, em princípio, que felicidade nos remete a um estado de conforto mínimo para quem não os tem. Para a parcela que tem garantidas boas condições de vida material, a felicidade pode ter como sinônimo o prazer. Suas vidas são guiadas pela satisfação de impulsos. Mas essa felicidade não dura para sempre, ela depende de eventos e experiências externas. Outros, condicionam a felicidade a obtenção de honrarias e o reconhecimento de seus feitos pelo olhar do outro. A ação humana, neste caso, não é suficiente para a condução à felicidade; depende de uma interpretação, de alguém que o valide. Pessoas assim, e não são poucas, querem provar para si mesmas que são boas de fato. Se o bem material e o prazer momentâneo não são consistentes para a garantia da felicidade, tais condições, no entanto, são indispensáveis à sua percepção.
A felicidade é um estado de graça, um estado da alma, cuja razão somente o ser humano pode ter, tal a sua consciência existencial. Para muitos filósofos, o estado contemplativo é o que está mais próximo da felicidade porque diviniza o humano e o aproxima de Deus.
A felicidade é contagiante, e revolucionária. O feliz não diminui ou exclui as pessoas ao seu redor. Ao contrário, compartilha, inspira, respeita, ajuda e tem empatia e compaixão. Dela depende o bem-estar das comunidades e sua percepção coletiva deve ser o objetivo da política. Uma pessoa feliz, é só uma pessoa feliz. Várias pessoas felizes, é uma comunidade feliz, vivendo em bem-estar.
Existe um felicitômetro?
É o que o Relatório Mundial da Felicidade tenta ser. Elaborado anualmente pela ONU – Organização das Nações Unidas, o Ranking Mundial da Felicidade estabelece alguns critérios para pesquisa, tais como, PIB per capita, expectativa de vida, suporte social, liberdade para fazer escolhas, generosidade e percepção da corrupção. Neste felicitômetro, o vencedor é a Finlândia, seguida de perto pela Dinamarca, Islândia e Suíça. O Brasil está na 41ª posição entre os 156 países testados.
Felicidade é feliz cidade.
22 de dezembro de 2021
Marcio Aurelio Soares é médico sanitarista
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