Com vistos provisórios de 60 dias, venezuelanos dizem comer todos os dias aqui no Brasil
VALENTIM CARDOZO
& THIAGO DANTAS
Há cerca de um mês em Cubatão/SP, um grupo de três venezuelanos estão abrigados em uma casa na rua Orlando Curti, na Vila Paulista. Harrinson Buitrago (39), Alex Majone (19) e Luiz Viñoles (25) percorreram mais de 6mil quilômetros, vindos do país vizinho até chegarem à Baixada Santista.
Segundo Harrinson, líder do grupo, a decisão de fugir da Venezuela para buscar abrigo no Brasil, foi devido a necessidade de encontrar uma vida melhor não só para eles, mas também seus familiares (os quais, ainda estão na Venezuela), que sofrem com a instabilidade vivida no país devido a um sistema político- econômico falido, que levou a maioria do povo venezuelano a fome, violência e o desemprego. “Temos um amigo venezuelano que mora aqui, na cidade vizinha de São Vicente, por isso chegamos até a Baixada Santista, onde este mesmo amigo conseguiu nos colocar para trabalhar na feira, aqui em Cubatão, onde estamos morando agora”, diz Buitrago.
Já Alex Bayone, o mais novo do grupo e que ainda não concluiu seus estudos, explicou como foi o trajeto até ingressarem em território brasileiro. “Foi muito difícil para nós atravessarmos a fronteira, pois haviam muitos militares da Guarda Bolivariana (exército venezuelano) e passamos por muitas cidades de nosso país como Simon Bolívar, Tachira, Santa Helena e outros locais até ingressarmos no Brasil”, relata o jovem venezuelano, que ainda afirmou que o grupo permaneceu por sete dias na região fronteiriça venezuelana, alimentando-se basicamente de pão e água, até cruzarem os limites territoriais para o lado brasileiro.
O REGIME DE NICOLAS MADURO
Harrinso, Alex e Luiz revelaram que realmente a economia da Venezuela está quebrada. Segundo eles, apesar de deter uma das maiores reservas de petróleo do Mundo, o estilo chavista de governar o país que foi seguido à risca pelo atual presidente Nicolas Maduro, levaram o povo venezuelano para o que muitos consideram como o pior momento de sua história. “As consequências estão em toda a parte, já que o salário mínimo venezuelano serve apenas para comprar um pacote de arroz e meia cartela de ovo, isso sem falar que não dá mais para andar tranquilamente pelas ruas de Caracas, principalmente no período noturno, onde o índice de criminalidade aumentou e bastante”, disse Viñoles.
Ao serem questionados sobre o impasse na questão política do país, Harrinson disse que a maioria (cerca de 80%) do povo da Venezuelano é a favor do líder oposicionista e presidente autoproclamado, Juan Guaidó. “A verdade é que o povo venezuelano cansou e apesar de estarmos longe da Venezuela, o sofrimento ainda não acabou. Ele está dentro dos nossos corações, pois sabemos que nossos familiares estão lá”, lamenta emocionado, o venezuelano, que agradece a receptividade do povo brasileiro, principalmente aqui em Cubatão. “As pessoas daqui são muito amáveis”, finaliza o grupo.
Documentação – Com a intenção de permanecerem em território e brasileiro e ainda o sonho de trazerem seus familiares para viverem juntos aqui no país, o três estrangeiros já estão em fase de legalizar suas documentações. O grupo está procurando orientação para retirar documentos pessoais como, CPF, RG, entre outros regularizar suas situações enquanto para poderem estar definitivamente no Brasil.
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