Muitos dizem não presenciar o serviço realizado com esse público
VALENTIM CARDOZO
Da Redação
Moradores e comerciantes da região central de Cubatão, e bairros adjacentes questionam o número excessivo de moradores de ruas nas vias públicas da cidade. Segundo alguns, que vivem e exercem suas atividades comerciais há anos no Centro, nunca foi tão grande o número de pessoas desse público nas principais ruas do município, onde alguns pontos específicos já se transformaram praticamente em supostas “moradias” para essa população.
Um dos pontos onde a concentração dessas pessoas em situação de vulnerabilidade social é grande, fica na Praça Maria Belira de Souza (atrás da agência principal do Banco do Brasil), onde é possível ver diariamente e a toda hora, grupos de seres humanos nessa situação. Outros pontos da cidade como na frente do antigo banco HSBC, já na Av. 9 de Abril e o prédio da antiga Telefônica (ambos imóveis desocupados), servem de abrigo para os moradores de rua, não apenas se esconderem do frio e dormirem, como também banheiros, para suas necessidades fisiológicas.
Segundo F.D.S. (o qual não quis se identificar), que detém imóveis nas proximidades da Praça Maria Belira de Souza. O problema vai além da sujeira e do mau cheiro. “Eles ficam o dia inteiro importunando, o que traz um aspecto de abandono. Muitos deles, nós percebemos que não são daqui da cidade, e ficam cobrando dinheiro de quem estaciona carros nas proximidades, além de brigarem entre si e mexerem com a população que passa no local, como idosos e mulheres”, diz
F.D.S. também afirma que, já tentou entrar em contato por telefone com a Prefeitura, para poder reclamar com o poder executivo municipal, sobre o que vem ocorrendo, porém, não obteve resposta. “Sou munícipe dessa cidade e exijo que Cubatão seja tratada bem, sendo assim, quero uma resposta seja lá de quem for! Isso não é pedir demais”, fala indignado.
Já o jovem comerciante M.V.V. (que tem um comércio também nos arredores da Praça Maria Belira), ao ser abordado pela reportagem da FOLHA DE CUBATÃO, confirmou as palavras do entrevistado anterior. “Somente nós que trabalhamos por aqui sabemos o tamanho do transtorno que é causado por essa situação. Nunca vi ninguém do poder público municipal vir aqui até hoje. Nenhuma fiscalização sequer”, diz.
CADEQ - O Centro de Apoio, Desenvolvimento e Qualificação – CADEQ ficou durante três anos (2014 até 2017) responsável pelo trabalho de Abordagem Social na cidade. Na época, a entidade por meio de um projeto em parceria com a prefeitura, fazia o levantamento do quadro em todo o território de Cubatão, com um corpo de técnicos que contavam com oito profissionais, os quais atuavam em parceria com a secretária de Ação Social e também a de Saúde.
O presidente do CADEQ, Severino Heleno, o popular “Sivuca”, explicou a reportagem como era realizado o trabalho naquela oportunidade. “ O serviço era feito por uma equipe de quatro abordadores sociais, divididos em dois turnos diários (um das 07h às 15h, e o outro das 15h às 23h, cada período com dois abordadores), além dos plantões nos feriados e finais de semana”, esclarece Sivuca.
Na sede do CADEQ, psicólogos, assistentes sociais e setor administrativo registravam o levantamento dos dados e participavam do atendimento. “Contávamos com os apoios do Centro POP, pelo serviço social do município e também da Secretária de Saúde, caso os assistidos fossem encontrados com a saúde debilitada”, diz Sivuca, ao afirmar que quando o morador de rua era identificado como oriundo de outra cidade, era feito contato com seus familiares e providenciado o seu retorno ao lugar de origem.
REQUERIMENTO – No dia 6 de julho, o vereador Alessandro Oliveira – PL, enviou um requerimento para a Secretaria Municipal de Ação Social, onde pedia esclarecimentos não só sobre como estava sendo o feito o serviço de abordagem social em Cubatão, mas também a preocupação com essa população nesse período de rígido inverno, onde a maioria das pessoas que passam por tal situação vem sofrendo com o frio nessa época do ano, em 2021.
No documento, o parlamentar levanta temas como os números de vagas para o acolhimento pernoite, nos projetos da prefeitura que atendem esse serviço. Outro ponto citado, foi a quantidade de profissionais disponibilizadas pela Secretaria Municipal de Ação Social, os quais fazem parte do organograma do trabalho, e como ele vem sendo desenvolvido.
PREFEITURA – Em nota, a prefeitura de Cubatão disse que as pessoas em situação de rua são atendidas pelo Centro Pop, onde são acolhidas, cadastradas e avaliadas pelo serviço psicossocial para posterior encaminhamento aos demais serviços necessários, tais como saúde, assistência jurídica, programas sociais etc.
Neste período de pandemia os usuários cadastrados pelo Centro Pop podem fazer todas as suas refeições gratuitamente por meio do Bom Prato. O Centro Pop atende oferece serviços básicos e essenciais como banho, café da manhã, vestuário, atendimento psicossocial, ajuda para confecção de documentos, entre outros.
O município conta também com a Casa de Emaús e a Casa do Recomeço, equipamentos configurados como casas de passagem, em que a população em situação de rua é acomodada e acompanhada até que possa retomar seus vínculos familiares e restituir sua autonomia.
Ao adentrarem os equipamentos, os usuários ficam por um período de 14 dias em isolamento e são monitorados até que possam ser incluídos no convívio com os demais funcionários e usuários do local. A Semas disponibiliza máscaras descartáveis e álcool em gel em todos os equipamentos. Não houve até o momento notificações de casos de covid-19 na população em situação de rua em Cubatão.
Casa do Recomeço
Centro Pop
Rua Dr Fernando Costa, 1004 - Atendimento das 7h às 20h
Casa de Emaús
Av. das nações Unidas, 330, Vila Nova
atendimento das 7h às 20h
Nenhum comentário. Seja o primeiro a comentar!