Cubatão, 21 de Novembro de 2024 - 00:00:00

"Quem vai pagar os funcionários do comércio de Cubatão no quinto dia útil?!"

16/03/2021
Teixeira (esq.), Kokinho (centro) Ademário (dir.). Acima, Av. Nove de Abril.


A fala acima é do atual presidente da ACIC, Antônio Teixeira. Revoltado com a situação do governo municipal seguir as recomendações do governador João Dória, ele diz que o comerciante morrerá junto com seu estabelecimento se não abrir as portas.

 

VALENTIM CARDOZO
Da Redação


O presidente em exercício da Associação Comercial e Industrial de Cubatão - ACIC, Antônio Teixeira, disse em entrevista exclusiva para a FOLHA DE CUBATÃO, que a situação do comércio na cidade com o decreto do prefeito Ademário Oliveira (PSDB), em seguir o Plano SP de combate a COVID-19, do governador João Dória (também do PSDB), pode levar o comércio do município a uma situação fatídica. "Eu juntamente com outros diretores da ACIC, além da futura presidente Célia Cedro, estivemos reunidos com o prefeito na semana passada, quando ele disse que iria seguir a cartilha do governo do Estado. Tentamos convencê-lo que a realidade do pequeno comércio da nossa cidade é quase que insustentável, com as portas fechadas por 15 dias ou quem sabe até mais...", disse.


Teixeira afirmou que Cubatão é uma cidade atípica das demais que formam a região da BS, pois o fato de não ter praias, caracteriza um fluxo menor de pessoas, além do comércio passar por uma uma situação delicada já há meses. "Não há aglomerações nos médios, pequenos comércios e nas galerias. Onde há filas é nos bancos e casas lotéricas onde nada é feito. "Quero ver quem vai "Pagar o Pato", no quinto dia útil?!? Nossos funcionários serão pagos pelo prefeito municipal, governador do Estado ou o presidente da República?!? O comerciante vai acabar morrendo junto com o seu comércio. Estou estarrecido!", exclama o presidente.

 

Com fiscais já nas ruas, prefeitura orienta comerciantes baixarem as portas


Porém, o apelo de Teixeira e da maioria dos comerciantes de Cubatão parece ter ficado pelo caminho. Com regras de circulações mais rígidas, visando conter o avanço da covid-19, a Prefeitura Municipal de Cubatão iniciou, nesta segunda-feira (15), pela manhã, a primeira etapa de operações de fiscalização sobre o comércio local. As atividades seguiram ao longo do dia.


Por meio da Secretarias de Segurança Pública e Cidadania e Secretaria de Finanças, com apoio da Polícia Militar (operação delegada), os fiscais iniciaram a blitz pelos bairros dos Bolsões 7, 8 e 9. As equipes também vistoriaram estabelecimentos pela Avenida Nove de Abril, no Centro.


Nesta fase a ação teve caráter educativo, ou seja, os donos de estabelecimentos (considerados não essenciais) que desobedeceram à determinação foram apenas orientados a baixar as portas.


De acordo com o diretor de Segurança Pública, Adenilson Amorim, o balanço foi positivo já que não houve nenhum registro de ocorrência ou resistência por parte dos comerciantes. “Há poucos estabelecimentos abertos. Aqueles que abriram, sendo serviços não essenciais, não ofereceram se opuseram à orientação”, disse.
As equipes vão seguir com as varreduras diariamente até o fim da Fase Emergencial do plano do governo do estado.

 

"Quase um ano após reportagem na FOLHA, história do comércio se repete", diz Kokinho Guerreiro.


Há cerca de 11 meses, a FOLHA DE CUBATÃO, em uma situação parecida com a atual (começo da pandemia), também ouviu os comerciantes que estavam com medo dos reflexos do possível lockdown. Personagem da publicação naquela época, o comerciante e ativista cultural, Antônio Simões, o popular Kokinho Gurreiro, levantou a questão dos comerciantes que pagam aluguel para permanecerem abertos, além das contas de luz e água, as quais não pararam de chegar.


Procurado novamente pela reportagem, Guerreiro diz que, apesar de ter levado os questionamentos a Prefeitura e a Câmara Municipal, não obteve na época, retorno de nenhum dos dois poderes constituidos. "Apenas a ACIC, se manifestou de alguma forma, o que não pode nem deve ocorrer dessa vez. Pois se isso acontecer novamente é possível que tenhamos uma falência generalizada do comércio da cidade". diz Guerreiro.

O comerciante ainda diz que algumas ações poderiam evitar um caos maior, como se o  poder público viesse a dialogar com as concessionárias de água e luz (SABESP e CPFL, respectivamente), além de tentar sensibilizar os proprietários de imóveis alugados, sobre o custo na cobrança  das tarifas, já que a situação é realmente caótica, pois só com a união de todos é possível fazer com que o comércio não sofra as mais graves consequências da pandemia do novo coronavírus. "É necessário a prefeitura avaliar a situação do pequeno comerciante, gerador de emprego e arrumar meios para um incentivo a esse microempreededor, caso o decreto seja prorrogado além do dia 30", finaliza.

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