O Carnaval de rua é uma manifestação cultural vibrante que reflete a alma e a identidade de uma comunidade. Na Baixada Santista, a cidade de Santos se destaca por valorizar e promover intensamente essa tradição, enquanto outros municípios, como Guarujá, São Vicente e Praia Grande, ainda relegam o Carnaval de rua a um segundo plano. Cubatão, por sua vez, desponta como uma exceção, buscando resgatar essa festa popular.
Em Santos, a preparação para o Carnaval de 2025 já está a todo vapor. A festa de lançamento, realizada em setembro de 2024, contou com grandes nomes do samba, como Péricles e Neguinho da Beija-Flor, além da participação das 15 Escolas de Samba da cidade. A programação de verão também inclui uma série de atividades recreativas e shows em diversos pontos, demonstrando o comprometimento da administração municipal com a cultura carnavalesca. Já Cubatão, conhecida por sua história de resistência cultural, também dará um passo importante neste cenário.
O prefeito da cidade reuniu sua equipe técnica e solicitou que ações sejam implementadas para fortalecer o Carnaval de rua em 2025. Essa decisão representa um esforço para devolver à comunidade cubatense o protagonismo em manifestações culturais que refletem sua identidade e tradição. Por outro lado, municípios como Guarujá, São Vicente e Praia Grande têm adotado uma postura tímida. Em anos recentes, São Vicente chegou a cancelar as festividades de rua, justificando-se com questões financeiras e de segurança.
Praia Grande, por sua vez, optou por eventos fechados e passeios turísticos, ignorando as manifestações espontâneas que são a essência do Carnaval de rua. A disparidade na valorização do Carnaval de rua entre Santos, Cubatão e os demais municípios levanta questionamentos sobre o compromisso das administrações públicas com a cultura popular. O Carnaval de rua não é apenas uma festa; é uma expressão legítima da identidade local, um motor de inclusão social e um catalisador da economia criativa. Ao negligenciá-lo, perde-se a oportunidade de fortalecer os laços comunitários e impulsionar o desenvolvimento cultural e econômico da região.
Qual é o papel das Câmaras Municipais neste contexto? Seriam elas uma voz de apoio ao samba e ao Carnaval de rua, mas, infelizmente, nenhuma delas elegeu representantes ligados à cultura do samba nas últimas eleições. É imperativo que Guarujá, São Vicente, Praia Grande e outras cidades repensem suas políticas culturais e reconheçam o valor intrínseco do Carnaval de rua. Santos e Cubatão mostram que é possível promover a festa popular de forma organizada e inclusiva. Uma região que compartilha tantas semelhanças deveria também compartilhar o compromisso de manter vivas as tradições que dão cor e vida à sua história.
(*) Jorge Fernandes "A voz do Samba", é jornalista
Nenhum comentário. Seja o primeiro a comentar!