Cubatão, 19 de Setembro de 2024 - 00:00:00

Suposto caso de xenofobia e racismo causa manifestação e tensão no BOM PRATO

21/03/2022
Suposto caso de xenofobia e racismo causa manifestação e tensão no BOM PRATO Kofi mora em Cubatão há 15 anos.

 

 

 

Imigrante africano juntamente com filho de 10 anos acusam de discriminação secretário de Assistência Social de Cubatão.

 

VALENTIM CARDOZO

Da Redação

 

Membros do Conselho Municipal da Igualdade Racial de Cubatão e demais simpatizantes de movimentos sociais em defesa das minorias, realizaram na manhã da última sexta-feira dia (18) um ato de repúdio em frente ao restaurante Bom Prato (instrumento do governo no Estado que fornece refeições pelo valor de R$ 1,00 para em pessoas em situação de vulnerabilidade social). O manifesto se deu referente ao caso do imigrante ganês Kofi Boakye Acheampong, que alegou ter sido discriminado por xenofobia (crime de descriminalização por naturalidade, juntamente com o filho de 10 anos de idade, dentro do mesmo restaurante), pelo secretário municipal de Ação Social, Sebastião Ribeiro, mais conhecido popularmente na cidade como Zumbi.

 

Faixas, cartazes, autofalantes e registro de imagens. Tudo isso unido a discursos inflamados em apoio a pai e filho de origens africanas, ecoaram na porta do Bom Prato, onde logo gerou aglomeração de pessoas, dificultando o trânsito de veículos e o fluxo de pedestres no local. Funcionários do restaurante popular foram até os portões para tentar conversar com os manifestantes e impedir que eles adentrassem ao prédio.

 

Segundo a presidente do Conselho, Paloma dos Santos, a notícia foi recebida com muita repugnância por parte do órgão, pois segundo ela, situações dessas em Cubatão, têm sido constantes. “O que aconteceu aqui com o Kofi foi um tipo de preconceito institucional, ou seja, ocorreu de forma estrutural, além do nítido caso de xenofobia e de uma criança de 10 anos ter sido impedida de se alimentar, em um lugar no qual eles realizam suas refeições diariamente. Houve humilhação e estamos pedindo esclarecimentos aos órgãos competentes, para que eles nos expliquem o que aconteceu aqui, pois apenas pedidos de desculpa não é o suficiente”, disse.

 

KOFI –  A reportagem da FOLHA DE CUBATÃO, que estava acompanhando o manifesto, conseguiu uma entrevista com o ganês Kofi Boakye (44).

 

Ele relata, que naquele dia, pai e filho estavam separados por algumas pessoas na fila, e quando seu filho pegou a bandeja do almoço, viu que o suposto gerente do local, começou a gritar dizendo que a criança estava atrapalhando o andamento dos serviços. Para defender o menino, Kofi se dirigiu ao gerente dizendo para ele não gritar pois era apenas uma criança.

 

O gerente, então, pegou a bandeja, colocou em cima de uma mesa e pediu para conversar com Kofi do lado de fora, onde foi apresentado para o secretário municipal de assistência social Sebastião Ribeiro, o Zumbi, que costuma estar todas as sextas-feiras no Bom Prato para acompanhar o andamento do trabalho. “O gerente tentou me agredir e Zumbi disse que eu não teria o direito de ir Bom Prato por não ser Brasileiro”, relatou o imigrante ganês, que ainda teria ouvido o secretário dizer que “ele veio de um país de bosta...”.

 

ZUMBI – A FOLHA DE CUBATÃO entrou em contato com o secretário Sebastião Ribeiro “ZUMBI”, que em depoimento exclusivo a nossa equipe de reportagem ter apenas explicado ao rapaz que ele deveria respeitar as regras estabelecidas no local e os funcionários do Bom Prato, e não tratar de forma agressiva e desrespeitosa. “Os funcionários daqui já me informaram que ele sempre causa tumulto e já chegou até a ameaçar alguns deles, o que pode ser comprovado pelas próprias câmeras de monitoramento instaladas nas dependências do restaurante”, disse Zumbi.

 

PREFEITURA - Em nota, a prefeitura de Cubatão rechaçou qualquer atitude de cunho xenófoba e esclarece que os fatos ditos por Kofi não condizem com o ocorrido, já que o secretário Sebastião Ribeiro foi procurado pelo ganês no dia 11 de março, após ter sido atendido no Bom Prato e ofendido com palavras de baixo calão. Zumbi, por sua vez, teria apenas explicado as regras de funcionamento do Bom Prato, que valem para todos os clientes do local.

 

Já a Secretaria de Desenvolvimento Social (Seds) do Estado, que é responsável pelos restaurantes Bom Prato, diz não compactuar com nenhum ato de preconceito dentro de seus equipamentos e que o Bom Prato tem a inclusão, o acolhimento e a dignidade às pessoas em maior situação de vulnerabilidade como suas principais características. A nota diz ainda que a pasta já iniciou a apuração dos fatos e, caso a denúncia seja confirmada, tomará as medidas cabíveis.

 

 

 

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